quinta-feira, 15 de março de 2012

Carlos Eduardo tenta desmentir JH

O Ex-prefeito Carlos Eduardo, tentou desmentir suas próprias palavras e deu uma grande mostra de desequilíbrio emocional.



No rádio, diz-se tudo facilmente. Quando se imprime, a história é outra. Foi o que aconteceu com o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, presidente do PDT. Em entrevista à Rádio Cidade (FM 94), na última terça-feira, o ex-prefeito de Natal declarou, com todas as letras, que "aproveitaria todas" suas ex-secretárias, citando, nominalmente, sete ex-auxiliares, caso vença as eleições para prefeito em sete de outubro.

Como poderá ser conferido no diálogo transcrito abaixo - e disponibilizado na internet, o ex-prefeito foi claro quando declarou que: 1) "aquele time que participou da minha administração é um time de primeira. Eu tive essa virtude de fazer um time campeão"; 2) "Aproveitaria todos eles, e todas elas - porque a maioria eram elas, eram mulheres"; 3) "Inclusive Aparecida, que foi uma boa secretária"; 4) "Essas pessoas honrariam qualquer cargo público"; 5) "Ana Mirian, Elequicina, Justina, Gorete Cavalcante, Adamires França, que mais? A nossa controladora Valda Felix"; 6) "Enfim, todas elas honram qualquer público que exerceram. E deram prova disso porque foram extremamente competentes".
Com base nessas declarações, O Jornal de Hoje publicou matéria cujo primeiro parágrafo informa: "O presidente estadual do PDT, Carlos Eduardo Alves, disse esta manhã que se for eleito prefeito de Natal em outubro aproveitará grande parte de antigos auxiliares na formação do futuro secretariado". A assertiva baseia-se na declaração do ex-administrador da cidade, gravada e disponibilizada para conferência geral, de que "aproveitaria todas". Ora, para o meio político que ouviu sua entrevista, ficou patente o que todos já suspeitavam: caso venha a ser eleito novamente prefeito de Natal, Carlos Eduardo nomeará a mesma equipe que atuou com ele de 2003 a 2008, inclusive a ex-secretária de Saúde Aparecida França, acusada pelo desperdício de R$ 10 milhões em medicamentos. Na entrevista, Aparecida mereceu até elogio do ex-prefeito, que disse que ela "foi uma boa secretária".

Não fosse o descuido do ex-prefeito em nominar sete ex-secretárias, afirmando que "aproveitaria todas elas", arvorando-se em dizer que "o time que participou da minha administração é um time de primeira", que teve a "virtude de fazer um time campeão", que "essas pessoas honrariam qualquer cargo público que exerceram", que "foram extremamente competentes" e que "foram muito boas", O Jornal de Hoje não teria qualquer elemento para afirmar que Carlos Eduardo revela aí parte considerável do seu futuro secretariado. Ou alguém em sã consciência tem dúvida disso? Infelizmente, são hipóteses plausíveis que só o tempo tem o condão de dizer se irão se confirmar, caso ex-prefeito se aloje novamente no Palácio Felipe Camarão.

Carlos Eduardo, porém, sentiu-se atingido em sua honra e, numa tentativa desesperada de voltar atrás, resolveu atacar o autor da matéria e O Jornal de Hoje. Em texto que assina como "advogado" - alguém tem notícia de algum caso em que ele tenha advogado? -, publicado na seção de artigos da Tribuna do Norte, edição desta quinta-feira, o ex-prefeito nega que tenha revelado o seu futuro secretariado, como mostrou o jornal na sua edição de terça-feira. Não contente com o desmentido, vai além e parte para a agressão. Num limitado espaço de convencimento e argumentação, utiliza 31 adjetivos contra o jornalista e a direção do veículo.

A peça, que merece ser lida por todos os eleitores de Natal, é um prontuário acabado para oportuna análise psicológica de seu autor. Alguém que deseja administrar a cidade não poderia escolher o meio mais claro para se revelar em sua intimidade de pensamento e raciocínio, em total desequilíbrio emocional. O repórter e o Jornal de Hoje mereceram algumas "referências elogiosas" do candidato a administrador, que revelam que tipo de conceitos permeia sua cabeça. "Infeliz", "patusco", "antiético", "nefasto", "nefando", "maquiavélico", "falso", "enganoso", "traiçoeiro", "pusilânime", "covarde", "inidôneo", "mesquinho", "mambembe", "retrógrado", "malfadado", "imprensa marrom", "arremedo jornalístico", para citar apenas 18 adjetivos. Certamente não é esse o conceito do JH e de sua equipe perante a sociedade.
Além de demonstrar o lado de "desequilíbrio" do autor, o artigo é cheio de contradições. Nele, admite-se que "citou" as ex-secretárias na entrevista, a saber: Aparecida França (Saúde), Elequicina Santos (Trânsito), Justina Iva (Educação), Ana Mirian (Urbanismo), Adamires França (Finanças), Gorete Cavalcante (Tributação), Valda Felix (Controladoria). Contudo, diz que o fez a "título de ilustração". Reconhece que declarou "com todas as letras que vários integrantes" do seu "Secretariado" - assim mesmo, com letra maiúscula - "honrariam qualquer cargo público, pois exerceram suas funções com extrema competência". Mais à frente, reafirma o "orgulho e satisfação de ter contado com auxiliares de tão elevado gabarito". No entanto, recua afirmando que "não cometeria tal soberba, incorrendo em erro pueril" e que, "justamente em função disso, não poderia desde já trazer no bolso do colete um Secretariado pronto e acabado".
Diante do exposto, não é necessário ir além para que os leitores tirem suas próprias conclusões. Registro que o repórter que escreveu a matéria é jornalista profissional formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e registrado na Delegacia Regional do Trabalho do Estado de São Paulo, sob a DRT/SP 32.923. Contabiliza dezenas, senão mais de uma centena de matérias e entrevistas "apenas" com Carlos Eduardo Alves. Nunca houve questionamento. Antes, pelo contrário: só elogios, à isenção e à seriedade das reportagens.

O que teria, então, motivado o ex-prefeito a destilar tanto fel, no ano mais importante dos últimos quatros anos improdutivos da sua vida? O que o levou a desmentir aquilo que disse e que todo mundo ouviu? A ser tão mal educado, desequilibrado, tresloucado, chegando ao ponto de classificar a Direção de um jornal sem vínculo político como O Jornal de Hoje de "antiética e conivente"? Nos meios políticos, a reação do ex-prefeito é atribuída, primeiro, à repercussão negativa do que seria a soberba de se achar eleito antes das eleições. Segundo, o erro de supor que a sociedade aplaudiu o seu governo - aí incluso o seu séquito de auxiliares - que ele tão bem fez questão de nominar e elogiar publicamente num dos programas de rádio de audiência da cidade.

O que é de chamar a atenção é que, mais uma vez - e isso tem se tornado irritantemente repetitivo -, O Jornal de Hoje é acusado por um integrante de uma poderosa e tradicional família política do Estado de trazer erros em suas matérias e reportagens. O que o leitor percebe, de forma translúcida, é que esses questionamentos vêm à tona apenas quando esses políticos são atingidos em seus interesses particulares. Não se veem, por exemplo, manifestações espontâneas, desses mesmos políticos, no sentido de resolverem problemas como a superlotação dos presídios do estado, ou a falta de leitos nos hospitais. Sempre se altearam quando são atingidos em seus projetos políticos. A propósito de Carlos Eduardo, o que foi que ele fez nos últimos quatro anos, a não ser esperar a hora de disputar novamente a prefeitura de Natal? Alguém tem notícia de um trabalho voluntário que seja em favor dos mais pobres e excluídos?

O Jornal de Hoje reafirma sua independência político-partidária, não se alinhando a grupos ou agremiações partidárias e/ou econômicas. Já o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves necessita abrandar seu ímpeto. Este episódio deixa claro - pelo menos para este veículo - que para resguardar sua imagem meticulosamente talhada em conhecido laboratório político, o ex-prefeito é capaz de denegrir quem quer que seja. Com as revelações que fez sobre seu futuro secretariado, Carlos Eduardo viu, afinal, ameaçado, de alguma sorte, seu projeto de retornar ao Palácio Felipe Camarão. É de se esperar, a partir de agora, que outras reações surjam. Tão reveladoras de sua mentalidade instável, arrogante e prepotente.

Contudo, o Jornal de Hoje, reafirmando seu princípio democrático, mantém o espaço aberto para o ex-prefeito Carlos Eduardo. Continuará cobrindo suas ações políticas, desde que tenham interesse público, com isenção, imparcialidade e profissionalismo.
Publicada na edição desta quinta-feira de O JORNAL DE HOJE

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