terça-feira, 9 de agosto de 2011

LULA quer cautela

Lula pede cautela nas acusações 

Rio de Janeiro (AE) - Embora tenha considerado as ações contra corrupção no governo federal "extremamente importantes para o exercício da democracia", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que as investigações também deixem claro quem são os inocentes e se mostrou cauteloso em relação às devassas em instituições públicas. "É extremamente importante. A única coisa que eu me queixava quando era presidente e me queixo hoje é que, se você tem dez acusados, oito culpados e dois inocentes, diga que tem dois inocentes e condene os oito culpados. Muitas vezes a devassa é feita antes de provar se as pessoas realmente cometeram todos os delitos", afirmou Lula depois de fazer uma palestra sobre cidadania e política, no Rio.

bruna prado/frame/aeLula considera investigações importantes para a democraciaLula considera investigações importantes para a democracia

O ex-presidente disse que o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU) "agem com seriedade". "As pessoas têm que botar na cabeça que a única chance de não serem investigadas no Brasil e no mundo é se não cometerem nenhum delito", concluiu Lula.

Na palestra, o presidente comentou a crise internacional e criticou os países ricos por não estimularem o consumo nem valorizarem as ações voltadas para a população mais pobre. O presidente voltou a recomendar que as pessoas consumam com responsabilidade. "Não use o cartão de crédito de forma desvairada porque vai quebrar a cara", recomendou. Lula ironizou os países ricos e disse que deveriam aprender com o presidente da Bolívia, Evo Morales. "Os países antes sabiam tudo, agora que a dificuldade é deles, não sabem nada. Poderiam chamar o Evo Morales para dizer como fez na Bolívia. O índio é esperto", disse o ex-presidente, que falou na abertura do ciclo de palestras em comemoração aos 30 anos do Instituto Brasileiros de Análises Econômicas e Sociais (Ibase), fundado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que morreu há 14 anos. O ex-presidente disse estar convencido de que o Brasil, como em 2008, vai passar pela crise internacional "com tranquilidade". ""A crise que está acontecendo é mais política que econômica, de falta de decisão política. Os países pagam trilhões para os bancos, mas quando se fala no trabalhador é para cortar pensões, aposentadorias. Ainda vamos ter tranquilidade. Temos mais reservas que em 2008, dúvida pública menor que esses países, um mercado interno poderoso", citou.

Lula, que está reorganizando o Instituto da Cidadania e um memorial dos movimentos sociais, revelou que organizará um documentário "para mostrar o tipo de gente que adentrou o Palácio do Planalto" durante os oito anos de seu governo. O ex-presidente contou à plateia como recebeu cegos com cães guias, portadores de hanseníase, moradores de rua e sem teto, " e não só reis, rainhas, banqueiros e empresários".

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